segunda-feira, 1 de março de 2010

Der Fliegende Holländer – Richard Wagner

No último final de semana tive o enorme prazer de assistir o dvd de uma montagem da Opera: Der Fliegende Holländer de Richard Wagner, em português; O Holandês Voador, ou mesmo O Navio Fantasma. Eu ainda não conhecia essa obra que é tão pouco encenada.
A opera foi estreada em Destren no ano de 1843, quando o compositor tinha 30 anos, ela é a primeira grande obra do autor, situada na segunda fase de sua produção junto com Tannhäuser e Lohengrin.
O ponto de partida foi uma antiga lenda, assim como em muitas outras obras de Wagner (Tristão e Isolda e O Anel do Nibelungo, por exemplo). “A lenda do Navio Fantasma é velha. Diz respeito a certo capitão holandês que se achando impelido, por ventos contrários, de cruzar o Cabo, jurou que o havia de transpor a despeito do próprio Demônio. A audaz resolução ofendeu gravemente a Satã, que puniu o atrevido marinheiro, condenando-o a velejar nos mares para sempre; o único meio de escapar à sentença era poder desembarcar de sete em sete anos, na esperança de encontrar uma mulher que o amasse e lhe fôsse fiel. O Demônio, segundo parece, tinha a cínica convicção de que a original sentença continuaria em vigor, depois de cada intervalo, entre os períodos de sete anos.” (NEWMAN, 1954). vários contemporâneos do compositor se basearam de forma dramática ou novelísticas dessa historia, como Hauff e Heine. Claramente é possível apontar traços característicos da opera Romântica alemã, já presentes na sua obra pioneira, Der Freischütz de Carl Maria von Weber; o pacto com o demônio, a noite, a figura espectral.

A montagem que assisti é de 1985, produzida em Bayreuth, tradicional festival que monta regularmente operas desse compositor, a procura por ingressos é tão grande que exite uma fila de espera de 5 a 10 anos (mais informações sobre esse festival e vídeos muito curiosos sobre os bastidores, aqui)
Wagner - Der Fliegende Holländer (1985), Para os menos conservadores e quem não quiser gastar essa cifra em dólares (não é tão caro assim!), existe o link de um torrent aqui.

Mesmo depois de 25 anos da montagem, ainda é possível ver uma encenação muito interessante que valoriza o conceito de Gesamtkunstwerk, atribuído a Wagner, que diz respeito a uma obra em que tanto a música, como o texto, cenário etc... têm a mesma importância que resulta em uma obra “total”. Particularmente acho que essa produção não demonstra muito o lado sombrio e fantasmagórico da obra.
As similaridades com a obra de Weber não se restringe somente a temática romântica, é possível observar uma germe da ideia de leitmotiv (motivos recorrentes que são relacionados à personagens, locais objetos etc..) e a opera esta dividias em recitativos, arias, duetos etc... Na produção posterior de Wagner (Tristão e Isolda, O Anel do Nibelung e Parsifal), o conceito de leitmotiv é tão desenvolvido que garante a unidade da obra, dispensando as tradicionais divisões operísticas em voga até então. Outras características marcantes que vão culminar na última fase do compositor, é a harmônia cromática e uma grande orquestração, muito apoiada em metais.

Der Fliegende Holländer é uma grande obra, um pouco esquecida, talvez ofuscada pelo brilhantismo das obras tardias do compositor.